sexta-feira, 29 de abril de 2011
A janela do meu corpo
A vida me vem a vai
Num circulo infinito de imagens.
Ontem estive só, hoje tu estais
E a pagina da minha vida retrai-se.
Pelos dias ando cabisbaixo,
Com as mãos nos bolsos passo.
“Passo” para os outros por quem passo
E “fico”, fico para mim, tão escasso.
Vejo o meu lindo céu;
Meu céu nublado choroso.
Quando menino adorava dizê-lo:
“Meu ceuzinho infinitoso”
Minha inteira vida ali,
à janela do meu corpo.
Eu sempre preso aqui,
Vendo o sol matando o meu céuzinho choroso...
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Uma chuva estranha na madrugada,
ela está tão solitária nesse quase dia...
O frio baixa em uma fumaça invisível,
e o meu corpo treme.
Por que meus olhos ainda estão abertos?
A essa hora deveria estar dormindo.
Dentro da minha mente tem uma imagem,
a tua imagem.
E os meus ouvidos não escutam a tua voz,
celular morto, apagado, mas eu não.
Eu vejo o teu corpo ressonando ao meu lado.
Tu dormes como um anjo.
Resta-me apreciar a beleza do teu dormir.
E este resto mais parece produto,
porque tu até dormindo me encantas.
E como encanta...
A "ainda noite" me faz pesar o corpo.
E meu rosto quase encosta o teu,
tua respiração acaricia minha boca
e o resto... já não sei, tinha dormido.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
O rei
As pessoas caminham e conversam sem parar.
Aqui o som ambiente do meu trono é o silencio
Que vaga pelo castelo a se arrastar.
Rir ou indignar-se com o povo já não é tão divertido,
Apesar de ser eu a linhas destas marionetes
(ao contrario delas) eu não estou entretecido.
Tenho tanto poder, mas tantas responsabilidades!
Eles tão inocentemente me acatam as ordens sorrindo.
Eu, o “explorador maquiavélico”, dito-as preocupado.
Em que são eles piores que eu, se os estou cobiçando?
Eu alegro suas vidas, mas quem é por mim dedicado?
Insatisfazendo meus anseios por suas necessidades,
Suprindo meus desejos por seus sentimentos.
Das minhas pequenas crianças escondo as tristes verdades
Mas entendo a real necessidade de seu alienamento.
A Folha Rasgada
Ela é diferente das outras
E na sociedade não pode ser engajada.
A folha está rasgada,
E nada de bom pode vir dela.
Ela é incapaz de cumprir o papel que a ela foi selecionado.
A folha está rasgada,
e não é digna de pena,
Pois não vale nem a pena testá-la.
A folha está rasgada,
E para que adaptar-me a ela?
Custar-me-á o grafite respeitá-la.
A folha continua rasgada
E quanto mais nela escrevo,
Mais me acostumo à sua diferença.
Mas a folha está rasgada,
E vejam o quanto escrevi!
Será que assim mesmo foi projetada?
A grande folha rasgada,
Não é diferente, é especial
E digna de uma grande metáfora.
sábado, 23 de outubro de 2010
Osteoporose
O futuro me espera,
Só espero que ele não demore.
Nessa vida que o mundo impera
Não encontro escora que me apoie.
Saindo o sol, saem as pessoas,
Descansavam em seus pequenos lares,
Não descansaram, mas o patrão não perdoa
E se locomovem cabisbaixos à seus lugares.
Sou um destes zumbis enfadonhos
Que tornam os finais de cada jornada
Melhores que o salário, descansando-os,
Apagam na saída e cochilam na entrada
Os jovens leem para tentar conseguir
Essa tão utópica vida em rotina,
Enquanto o tempo lhes diz o quanto podem dormir
E lhes dá mais sono e menos vida.
sábado, 3 de julho de 2010
Ele
Minha memória ainda guarda com carinho
a emocionante aventura de ser lançado ao ar,
Sentindo o medo de subir ao vento
e tranquilizando-me às tuas mãos voltar.
Entendi e aprendi como funciona o mundo
segurando firme apenas um de teus dedos,
aprendendo o qual o dinheiro pode ser imundo
e o quão limpo pode ser devolvê-lo
Usufruindo de tua sabedoria,
foi crescendo aquele pequeno menino
que atencioso ao seu pai aprendia.
O filho que amava o pai e o pai que amava o filho...
Poucas são as emoções que se comparam
aquelas puras e primordiais alegrias.
Meu primeiro vídeo-game, as canções que me ninavam,
o inesquecível som do chegar da Brasília...
As más lembranças também existem,
mas até nelas também estiveste aí, apoiando-me
Nunca esquecerei o quão me ajudaste
e nunca conseguirei agradecer o suficiente.
Infinitamente agradecido sou a Deus
por poder ter tido um Pai como tu.
Espero ser tão Pai assim aos teus netos.
Obrigado Papai, eu te amo.
O Velho do meu sonho
De repente estava andando descalço,
era um longo caminho de terra seca.
E enxerguei um velho sentado ao mormaço,
o rosto em direção ao sol, mas não fazia nem careta.
Eu corria amedrontado daquele cadáver ambulante,
sentindo seus olhos fitando-me decepcionados.
Então corri mais, até pelo caminho afastar-me,
foi quando ao longe avistei aqueles olhos mórbidos.
O homem tirou sua mira do astro,
Pôs-a em mim, chamando-me,
disse que não adiantava a velocidade do passo
porque o fim era o começo, e o começo o fim.
Sua vida era aquele circulo infinito,
e não adiantava terminar pelo começo.
Só lembro que temi aquele velho esquisito.
E aquele olhar morto... Nunca mais o esqueço
Para que serve o Amor?
Se amar é um conjunto de reações químicas
que nos faz ter a ideia de necessidade,
para que estas emoções tão aflitas,
que cega aos olhos qualquer maldade?
E se nossas reações servem para sobrevivência,
que sentido tem ao nosso primata cérebro
esse prazer da simples convivência
de um dia totalmente estéril?
Não obedecemos ao nosso conceito mentor:
Reprodução, sobrevivência da espécie.
Qual a lógica de sentir amor
se o amar apenas nos submete?
Talvez ele vá além do corpo físico...
Quem sabe esse coração fantástico
não seja assim tão fictício
e esteja em nós batendo vermelho e vívido.
Esqueceram de procurar nas nossas almas,
bem no centro dos nossos espíritos
em seu lindo formato de copas,
está o causador dos mais longos suspiros.
Escrever
Já não mais costumo desenhar,
e mesmo que tente, meus traços não obedecem.
Pobre da minha mão, não culpo-a,
somente por outra arte apaixonou-se.
Estas linhas que me servem de mera base,
não tem força suficiente para entender-me.
Vou notando sua limitação e meu desgaste
de usar as sobras e guardar o restante.
E quando a zero-sete dançando dispara,
é sinal que estou empolgado com a performance.
A folha sensualmente deixa o grafite em sua tara,
acariciar suas linhas, manhosa e sem esvair-se.
Tão lindo casal se constrói com versos
e como é confortante sentir esse amor.
A emoção destes versos incertos,
que dão à língua um doce sabor.
O quão bom se faz o descobrir
do que já havia sido feito por você,
É uma magia que auto conjura-se
É o simples prazer de escrever...
segunda-feira, 24 de maio de 2010
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