quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Amor não faz fumaça


Antes, achava que sabia sobre tudo.
E agora (advinha?) só sei que nada sei.
Conheci o maior dos vícios do mundo
E o maior dos dependentes tornei-me.

Minha vida ganhou um sentido
e uma outra face obscura.
A tua presença anestésica comigo
E tua ausência perpétua

Os ponteiros esgueiram-se
Ditando os bons momentos passados
Como anciões que da nostalgia entretecem-se
Mandando-me escutar calado.

Roo as unhas, conto-me os dedos.
Estou viciado, estou viciado!
Sem ti tenho tristezas, tenho medo.
O que farei sem minha amada ao meu lado?

sábado, 21 de maio de 2011

Último suspiro antes do impacto.



Eis que o tempo passou tão rápido,
E aqui estou em um novo futuro
Lembrando de um passado interrompido
No qual estava eu inseguro.

E eu que chorei pelo meu destino
Sem saber se o amanha era certo.
Por que chorou aquele menino
Se de razão estava coberto?

Tempo passou só por querer passar,
E o que ele levou não me faz falta.
Tanto que não gosto nem de lembrar,
Pois o que deixou já me basta

A vida nunca me deixou voar.
Minha cabeça é ilimitada,
Mas meu corpo não me deixa pensar
E acabo por morrer nesta estrada.

Insônia



Mais um dia o sol anuncia,
E por que ainda não dormi?
Café, pão, uniforme, mochila...
Ah, não. Ainda estou deitado aqui.

Ah, quase consigo adormecer.
Que pena, foi só um sonho,
Não adianta nem a posição mexer,
Tenho que levantar já em pouco.

Nem mais sinto sonolência,
Deito, durmo, morro e acordo
(Nem sempre nesta sequência)
E o tempo eu estorvo.

Há dias que o mundo sozinho vive-se,
E maldigo a noite que vira dia,
E a vida que o tempo come,
Na sua natural divina covardia.

Amanhã (que já é hoje),
Serei obrigado a viver
Mas tão rápido o sol nasce
E eu que só queria adormecer.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A janela do meu corpo


A vida me vem a vai
Num circulo infinito de imagens.
Ontem estive só, hoje tu estais
E a pagina da minha vida retrai-se.

Pelos dias ando cabisbaixo,
Com as mãos nos bolsos passo.
“Passo” para os outros por quem passo
E “fico”, fico para mim, tão escasso.

Vejo o meu lindo céu;
Meu céu nublado choroso.
Quando menino adorava dizê-lo:
“Meu ceuzinho infinitoso”

Minha inteira vida ali,
à janela do meu corpo.
Eu sempre preso aqui,
Vendo o sol matando o meu céuzinho choroso...

sábado, 19 de fevereiro de 2011



Uma chuva estranha na madrugada,
ela está tão solitária nesse quase dia...
O frio baixa em uma fumaça invisível,
e o meu corpo treme.

Por que meus olhos ainda estão abertos?
A essa hora deveria estar dormindo.
Dentro da minha mente tem uma imagem,
a tua imagem.

E os meus ouvidos não escutam a tua voz,
celular morto, apagado, mas eu não.
Eu vejo o teu corpo ressonando ao meu lado.
Tu dormes como um anjo.

Resta-me apreciar a beleza do teu dormir.
E este resto mais parece produto,
porque tu até dormindo me encantas.
E como encanta...

A "ainda noite" me faz pesar o corpo.
E meu rosto quase encosta o teu,
tua respiração acaricia minha boca
e o resto... já não sei, tinha dormido.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O rei



Os pássaros cantam alegremente ofuscados pelo sol,
As pessoas caminham e conversam sem parar.
Aqui o som ambiente do meu trono é o silencio
Que vaga pelo castelo a se arrastar.

Rir ou indignar-se com o povo já não é tão divertido,
Apesar de ser eu a linhas destas marionetes
(ao contrario delas) eu não estou entretecido.
Tenho tanto poder, mas tantas responsabilidades!

Eles tão inocentemente me acatam as ordens sorrindo.
Eu, o “explorador maquiavélico”, dito-as preocupado.
Em que são eles piores que eu, se os estou cobiçando?
Eu alegro suas vidas, mas quem é por mim dedicado?

Insatisfazendo meus anseios por suas necessidades,
Suprindo meus desejos por seus sentimentos.
Das minhas pequenas crianças escondo as tristes verdades
Mas entendo a real necessidade de seu alienamento.

A Folha Rasgada





A folha está rasgada,
Ela é diferente das outras
E na sociedade não pode ser engajada.

A folha está rasgada,
E nada de bom pode vir dela.
Ela é incapaz de cumprir o papel que a ela foi selecionado.

A folha está rasgada,
e não é digna de pena,
Pois não vale nem a pena testá-la.

A folha está rasgada,
E para que adaptar-me a ela?
Custar-me-á o grafite respeitá-la.

A folha continua rasgada
E quanto mais nela escrevo,
Mais me acostumo à sua diferença.

Mas a folha está rasgada,
E vejam o quanto escrevi!
Será que assim mesmo foi projetada?

A grande folha rasgada,
Não é diferente, é especial
E digna de uma grande metáfora.

sábado, 23 de outubro de 2010

Osteoporose


O futuro me espera,
Só espero que ele não demore.
Nessa vida que o mundo impera
Não encontro escora que me apoie.

Saindo o sol, saem as pessoas,
Descansavam em seus pequenos lares,
Não descansaram, mas o patrão não perdoa
E se locomovem cabisbaixos à seus lugares.

Sou um destes zumbis enfadonhos
Que tornam os finais de cada jornada
Melhores que o salário, descansando-os,
Apagam na saída e cochilam na entrada

Os jovens leem para tentar conseguir
Essa tão utópica vida em rotina,
Enquanto o tempo lhes diz o quanto podem dormir
E lhes dá mais sono e menos vida.

sábado, 3 de julho de 2010

Ele



Minha memória ainda guarda com carinho
a emocionante aventura de ser lançado ao ar,
Sentindo o medo de subir ao vento
e tranquilizando-me às tuas mãos voltar.

Entendi e aprendi como funciona o mundo
segurando firme apenas um de teus dedos,
aprendendo o qual o dinheiro pode ser imundo
e o quão limpo pode ser devolvê-lo

Usufruindo de tua sabedoria,
foi crescendo aquele pequeno menino
que atencioso ao seu pai aprendia.
O filho que amava o pai e o pai que amava o filho...

Poucas são as emoções que se comparam
aquelas puras e primordiais alegrias.
Meu primeiro vídeo-game, as canções que me ninavam,
o inesquecível som do chegar da Brasília...

As más lembranças também existem,
mas até nelas também estiveste aí, apoiando-me
Nunca esquecerei o quão me ajudaste
e nunca conseguirei agradecer o suficiente.

Infinitamente agradecido sou a Deus
por poder ter tido um Pai como tu.
Espero ser tão Pai assim aos teus netos.
Obrigado Papai, eu te amo.

O Velho do meu sonho



De repente estava andando descalço,

era um longo caminho de terra seca.
E enxerguei um velho sentado ao mormaço,
o rosto em direção ao sol, mas não fazia nem careta.

Eu corria amedrontado daquele cadáver ambulante,
sentindo seus olhos fitando-me decepcionados.
Então corri mais, até pelo caminho afastar-me,
foi quando ao longe avistei aqueles olhos mórbidos.

O homem tirou sua mira do astro,
Pôs-a em mim, chamando-me,
disse que não adiantava a velocidade do passo
porque o fim era o começo, e o começo o fim.

Sua vida era aquele circulo infinito,
e não adiantava terminar pelo começo.
Só lembro que temi aquele velho esquisito.
E aquele olhar morto... Nunca mais o esqueço
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